De outra maneira, na mesma sociedade de irmãos, os adultos tomam cada vez mais uma atitude adolescente, demarcando mal as distâncias, o diferente estatuto e papel em relação aos mais novos, com eles parecendo regredir num movimento de procura da eterna juventude, pautada por estilos e padrões de vida de fraca compatibilidade com a ideia de segurança, determinação ou coesão individual e social.
Se olharmos à perspectiva de Anna Freud, não tornam algumas das actuais leis a questão do trabalho em mero jogo? E a organização social comum não eleva o egocentrismo e ridiculariza uma verdadeira capacidade de partilha e companheirismo? Uma das tarefas mais importantes que nos dias de hoje se colocam aos adolescentes é a necessidade de decifrar coerentemente as mensagens profundamente ambivalentes que, não raramente, as famílias, as escolas, a sociedade lhes passam diariamente.
"Também fui ao concerto dos Coldplay",
explicava depois a mãe do Salvador*...
"Como imagina, não faz o meu género,
mas tinha medo de arriscar deixá-lo ir sozinho.
Quer dizer, ele ia com o primo mais velho,
mas como tem andado tão em baixo,
fui vê-lo para controlar disparates...
Fiquei sempre ao longe, mas não o perdi de vista!"
Moses Laufer definiu 3 etapas fundamentais no processo adolescente.
...
Segundo o seu ponto de vista, falamos sempre de três grandes mudanças de relação:
- com o corpo, e em especial com o corpo sexuado (segundo a ideia de uma sexualidade genital, adolescente);
- com os pais, no sentido de uma dependência emocional para o desejo de uma maior autonomia;
- com o grupo de pares, rapazes e raparigas da mesma idade, cujo papel sobre o indivíduo passa a ser fulcral.
* (14 anos, separação muito conflitual dos pais)
Págs. 23,24
... mas se estivesse, seria...
Dialectos da Ternura
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